segunda-feira, 30 de julho de 2007

O ESPELHO DE ALICE

O espelho de Alice
as vezes não sabe dizer
se os sonhos de alice
são flexo ou reflexo
O espelho de alice
as vezes confude
o que é nexo e o que é sexo
Eita espelho de Alice
que lhe leva as vezes
onde ela não queria ir
as vezes é verde, as vezes lilás
mas que mágico espelho de Alice!
que sempre de volta lhe trás!

AA

domingo, 29 de julho de 2007

Não entendo

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Clarice Lispector

sábado, 28 de julho de 2007

Apagar-me

Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.

Paulo Leminsk

Dura na queda

Perdida
Na avenida
Canta seu enredo
Fora do Carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural
Esquinas
Mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade sim
O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas

Bambeia
Cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou família
Bebeu veneno
E vai morrer de rir
Vagueia
Devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar
O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas

Chico Buarque

Epitáfio + 28 de Julho

Jaz uma ilusão

Rápida lembrança

Nenhum dos meus versos são seus
Apenas este que dou por encerrado...

Existência

Existência de todos os fragmentos de insanidades passadas...
Certeza de que chegou um momento no hoje que destila todo o sentimento
Se esvai entre as novidades e sorri porque o certo voltou
A certeza do ser eu está de volta
Seja na angústia diária, porém conhecida e por isso segura,
Seja no riso descontrolado e frouxo solto nas palavras que voltaram a ser ditas...
Todos os sons estão de volta e é feliz esta volta.
O reencontro com aquilo que já não fazia mais parte: a alma, aquela roubada, perdida, murcha...
O transtorno das coisas aprendidas e a elegância de saber voltar.
No silêncio das “entre-horas”, na busca de assunto, na viagem das íris que se perdem nos espelhos das salas e corredores...
O transtorno das coisas aprendidas....
Nada existe de mais obscuro do que o virar-se para trás, nada mais se enxerga ou se entende...
Mas tudo agora faz sentido... extremamente faz sentido...
Um sentido real, jamais experimentado por esta alma que a casa torna.
Todos os insanos fragmentos fazem sentido e se reencontram em busca de um todo não mais qualquer.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Eu estou feliz porque também sou de sua companhia


Eu andarei vestido e armado com as armas de Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Salve Jorge!!!!
Okê Arô

Coisa de pele

(Mais um pouquinho de algumas das minhas paixões: samba...Adoooro!!!)

Podemos sorrir, nada mais nos impede
Não dá pra fugir dessa coisa de pele
Sentida por nós, desatando os nós
Sabemos agora, nem tudo que é bom vem de fora
É a nossa canção pelas ruas e bares
Nos traz a razão, relembrando Palmares
Foi bom insistir, compor e ouvir
Resiste quem pode à força dos nossos pagodes
E o samba se faz, prisioneiro pacato dos nossos tantãs
E um banjo liberta da garganta do povo as suas emoções
Alimentando muito mais a cabeça de um compositor
Eterno reduto de paz, nascente das várias feições do amor
Arte popular do nosso chão...
é o povo que produz o show e assina a direção
Arte popular do nosso chão...
é o povo que produz o show e assina a direção

Jorge Aragão

A menina dança


Quando eu cheguei tudo tudo

Tudo estava virado

Apenas viro me viro

Mas eu mesma

Viro os olhinhos


Só entro no jogo porque

Estou mesmo depois

Depois de esgotar

O tempo regulamentar


De um lado o olho desaforo

Que diz o meu nariz arrebitado

Que não levo pra casa

Mas se você vem perto eu vou lá

Eu vou lá


No canto do cisco

No canto do olho a menina dança

Dentro da menina

Ainda dança


E se você fecha o olho a menina ainda

Dança dentro da menina

Ainda dança

Até o sol raiar

Até o sol raiar

Até dentro de você nascer

Nascer o que há


Quando eu cheguei tudo tudo

Tudo estava virado

Apenas viro me viro

Mas eu mesma

Viro os olhinhos.
(Moraes Moreira e Luis Galvão)

domingo, 22 de julho de 2007

Um pouco de etnografia (e devoções).

No mar vou ver, vou ver Janaína,
No mar vou ver, vou ver Janaína
Vambora Cosminho, vambora
Vambora visitar sereinha
Vambora Cosminho, vambora
Vambora visitar sereinha
Estava na praia esperando a Sereia
Panhando umas quatro conchinhas
Para enfeitar nossa aldeia
Vambora Cosminho, vambora
Vambora visitar sereinha

Aberta minh´alma
tentei tirar-lhe um poema
Fui com os dedos tentar arrancá-lo de lá
Gozei três versos.

Andrezza Almeida

Minha sede


Sinto sede
Sede de encantamento
Sede de me viver por dentro
Revirar as minhas entranhas
Me preencher de tudo quanto posso

Sinto meu sorriso estranho
Frenético, nervoso
Reconheço a fragilidade dos meus tropeços
E escondo-me dos dias de não

Sinto sede
Sinto pressa

Me sinto vazia
Me sinto enchendo
Enchendo de mim
Do que agora sou
Apenas me sinto

Sinto encantamento
O eu encatado

Poeminha sentimental

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vêm pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega, vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.

Mario Quintana

Parada cardíaca

Essa minha secura
essa falta de sentimento
não tem ninguém que segure,
vem de dentro.

Vem da zona escura
donde vem o que sinto.
Sinto muito,
sentir é muito lento.

Paulo Leminski

Rio correnteza

Rio mesmo
Um riso intrépido e frouxo
Correnteza

Dentes largos
Rio na cara do sempre
Do crente

Rio muito
Da risada alheia
Por ai

Gargalhadas nervosas
Rio de mim
Paspalha

O desejo do consumo vira a esquina dos sentidos
Translúcida e fugaz é a imagem de corpos dispostos
A cegueira que surge do toque...
A transpiração que se funde...
Nada disso tem me pertencido
Pois a ninguém pertenço...
Não quero que reconheça na minha cara
As vontades todas suas
Não espero que encontre em mim
A parte perfeita que lhe cabe
Apenas, quando a mim vier
Venha devagar
Venha sem me dizer o que sou
Ou quem devo ser
Posto que assim que me tenho

Aviso da Lua que Menstrua

Moço, cuidado com ela!
Há que se ter cautela com esta gente que menstrua...
Imagine uma cachoeira às avessas:
cada ato que faz, o corpo confessa.

Cuidado, moço
às vezes parece erva, parece hera
cuidado com essa gente que gera
essa gente que se metamorfoseia
metade legível, metade sereia

Barriga cresce, explode humanidades
e ainda volta pro lugar que é o mesmo lugar
mas é outro lugar, aí é que está:
cada palavra dita, antes de dizer, homem, reflita...

Sua boca maldita não sabe que cada palavra é ingrediente
que vai cair no mesmo planeta panela.

Cuidado com cada letra que manda pra ela!
Tá acostumada a viver por dentro,
transforma fato em elemento
a tudo refoga, ferve, frita
ainda sangra tudo no próximo mês.

Cuidado moço, quando cê pensa que escapou
é que chegou a sua vez!
Porque sou muito sua amiga é que tô falando na "vera"
conheço cada uma, além de ser uma delas.

Você que saiu da fresta dela
delicada força quando voltar a ela.

Não vá sem ser convidado
ou sem os devidos cortejos...
Às vezes pela ponte de um beijo
já se alcança a "cidade secreta"a Atlântida perdida.

Outras vezes várias metidas e mais se afasta dela.
Cuidado, moço, por você ter uma cobra entre as pernas
cai na condição de ser displicente
diante da própria serpente.

Ela é uma cobra de avental.

Não despreze a meditação doméstica.

É da poeira do cotidiano
que a mulher extrai filosofia
cozinhando, costurando
e você chega com a mão no bolso
julgando a arte do almoço: Eca!...

Você que não sabe onde está sua cueca?

Ah, meu cão desejado
tão preocupado em rosnar, ladrar e latir
então esquece de morder devagar
esquece de saber curtir, dividir.

E aí quando quer agredir
chama de vaca e galinha.

São duas dignas vizinhas do mundo daqui!

O que você tem pra falar de vaca?

O que você tem eu vou dizer e não se queixe:
VACA é sua mãe. De leite.

Vaca e galinha...
ora, não ofende. Enaltece, elogia:
comparando rainha com rainha
óvulo, ovo e leite
pensando que está agredindo
que tá falando palavrão imundo.

Tá, não, homem.

Tá citando o princípio do mundo!

Elisa Lucinda

Reinvento

Invento de inventar uma ousadia.
Revolucionar as verdades dos botequins,
andar a esmo entre os olhares,
brincar com a minha presença.

Busco a libertação da minha alma,
dos tempos que nela se prendem,
dos outros que nela existem,
das vidas que nela se escondem.

Quero muitas vidas para mim
para que possa reinventar-me a cada dia.
Não quero o outro, quero a mim
na minha maior intensidade.

Noções

Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.

Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.

Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.

Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.

Ó meu Deus, isto é minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera...

Cecília Meireles

sábado, 21 de julho de 2007


Por isso não provoque!!!

20 de Julho de 2007


Quero usar deste espaço para manifestar minha grande alegria em beber um morto. Como diz Gabriel (abaixo), dane-se a compostura, a moralidade, quero mais é comemorar a queda de um símbolo (nos cabe agora não deixar que esta coisa se transforme em um mito)!
Lembro de um sonho que tive no qual eu afogava o pobre com os meus próprios pés e sentia uma enorme felicidade nisso.
Ontem andava pelo Pelourinho e ia vendo aquela cena surreal (nunca imaginei que iria viver esse dia). As pessoas cheia de pesares, taxistas com faixas de luto, lojistas e restaurantes com faixa de luto, a igreja badalando o sino em tom fúnebre...Daria uma ótima etnografia do pesar. Não sei por que, mas lembrei tanto de Jorge Amado...Gostaria de ler uma descrição sua sobre essa cena... Uma mistura de beleza daquele clima fúnebre e ao mesmo tempo de uma completa cegueira. A mim causa uma indignação profunda - só me resta apelar para a justificativa da falta de esclarecimento da nossa população "tão sofrida" como diria o homem lá (que Sata o tenha)!
Por falar em beber o morto, grande foi a minha surpresa ao chegar ao velho Rio Vermelho e não ver a comemoração esperada, apenas duas tentativas tímidas de um grito mais que guardado e dessa vez efetivado, o velho: "eu eu eu ACM se fudeu". O que aconteceu com a nossa vontade de enterrar o carlismo e por um fim a uma era de autoritarismo, tirania, perseguições? O que aconteceu? Pesares? Timidez?
Enfim. Finda-se uma era. Espero que não comece outra com os resquícios deixados para aquela coisinha miúda!

A UFBa não lamenta a morte de ACM

(Gabi, não resisti e inseri seu texto aqui. Os créditos são todos seus...)

Vi e ouvi, com desgosto, as recentes declarações dadas pelo Reitor da UFBa Naomar Almeida à TV Bahia sobre a morte, já tarde demais, do senador ACM nesta última sexta-feira.

Segundo o Reitor Naomar, “a nossa universidade expressa o pesar pelo falecimento de Antonio Carlos Magalhães”.

Até entendo a boa conduta de nosso reitor e a sua delicadeza ao tratar de um acontecido dessa importância para o cenário político tanto do Estado quanto do país. Naomar, enquanto homem influente deste cenário, dificilmente quebraria qualquer protocolo a ponto de não tratar com a devida seriedade o assunto.

E, como é óbvio, nunca ouviríamos de nosso educado Reitor palavras ásperas e satisfeitas relacionadas ao falecimento do senador. Aquela mesma boa conduta nos ensina que desejar a morte alheia é, no mínimo, falta de educação.

Mas não posso deixar de tecer alguns comentários, estes sim ásperos, porém insatisfeitos pelo conjunto das declarações do Reitor da Universidade a qual também faço parte.

Não restam dúvidas de que lamentar a morte de Antonio Carlos significa jogar à sombra do esquecimento tudo de negativo que este homem representou na vida política de nossa cidade, Estado e país, desde a Ditadura até o dia de sua morte.

Do ponto de vista da luta pela justiça e igualdade social, o que mais importa quando analisamos a longa passagem do Cabeça Branca pelo poder político do Brasil, ele sempre representou o regresso.

Seus sucessivos mandatos de Deputado Estadual e Federal, de Prefeito, de Governador, de Ministro e Senador da República nunca estiveram á serviço da democracia. Pelo contrário, nosso conterrâneo falecido foi historicamente porta-voz do autoritarismo e da perseguição política.

Competente e eloqüente nos discursos, Antonio Carlos não teve dúvidas em nenhum momento, da UDN ao DEM, de que a Esquerda e os movimentos sociais eram seus principais inimigos na disputa política. Assim como nós, da Esquerda e os movimentos sociais, também nunca pestanejamos em estarmos do outro lado da trincheira que não a deste desprezível ex-Senhor da Bahia.

Quando nosso Reitor expressa pesar, não nos causa surpresa. Porém nos deixa em estado de agonia.

Agonia porque não precisamos ir até a triste história da Ditadura Militar para buscar justificativas para as nossas felicidades pela morte desse monstro. Jovens que somos, nem eu nem meus companheiros e companheiras estudantes viveram este sombrio período de nosso país. Herdamos, mas não vivemos.

No entanto, se não foi na Ditadura Militar que conhecemos as práticas autoritárias de ACM, foi já no século XXI que encontramos os nossos motivos para hoje, numa feliz sexta-feira, dar adeus com euforia a um homem que só fez mal por onde passou.

Nunca esqueceremos, professor Naomar, da tragédia do dia 16 de maio de 2001, prestes ao seu primeiro Reitorado.

Ali sentimos literalmente na pele a violência inconseqüente das decisões políticas protagonizadas por ACM. Sangramos, corremos, gritamos e jogamos pedra. Tudo isso pela democracia.

Não tenho certeza quanto à importância que tem para o Reitor o fato de termos sangrado naquele fatídico dia. Mas, ainda que não tenha, faço questão de lembrar ao Magnífico que neste mesmo dia sangrou também a UFBa.

A nossa universidade sangrou quando foi desavergonhadamente invadida por policiais mandados pelo senhor da ditadura na Bahia. Naquele momento que, não coincidentemente, berrávamos pela cassação de um mandato que quando não nos fez mal pelo autoritário, o fez pela corrupção.

Não, professor Naomar. Definitivamente a UFBa não lamenta a morte de ACM.

Não tenho a pretensão de retificar a opinião que é sua, Magnífico Reitor. Mas enquanto membro da mesma Universidade que você, e enquanto representante de um dos setores que constroem cotidianamente a UFBa, lamento pelos seus pesares.

Que, repito, são apenas seus.

Para nós, a Era a qual ACM nos reprimiu e nos perseguiu, finda exatamente no dia 20 e julho de 2007. Agora, mais do que nunca, esta Era será conhecida pela contundente expressão título da obra do jornalista João Carlos Teixeira Gomes: Memória as Trevas.

Não sei quanto a você, Magnífico, mas a “boa conduta” que se dane.

A ordem agora é comemorar.

E a palavra-de-ordem, para não perder a prática, continua sendo a mesma. Vamos tirar a Bahia das Trevas.

Gabriel Oliveira
Coord. Geral do DCE UFBa

terça-feira, 17 de julho de 2007

O Amor de Dudu nas Águas

Estou virando uma menina
tornada mulherinha
com tanta coleirinha
de maturidade
ainda assim me sinto parida agora
tenra, maçã nova
nova Eva novo pecado.
Tudo gira e eu renasço menina
vestido curto na alma de dentro...
Deixo no mar os velhos adereços
a velha cristaleira, os velhos vícios
as caducas mágoas.
Nasce a mulher-menina de se amar
com água no ventre e no olhar.
Nasce a Doudou das Águas

Elisa Lucinda

segunda-feira, 9 de julho de 2007

EVOLUÇÃO
O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.

Mario Quintana - Caderno H
DA INQUIETA ESPERANÇA

Bem sabes Tu, Senhor, que o bem melhor é aquele
Que não passa, talvez, de um desejo ilusório.
Nunca me dê o Céu... quero é sonhar com ele
Na inquietação feliz do Purgatório.

Mario Quintana
De nada vale ser
Em nada se esconde a dureza
Pura poesia
Poeira de vento
Tudo aqui dentro
Completo vazio
Ausência de sentidos
Aonde sentimentos?
Mentir ser quem é?
Ser o que se finge?
Inteira, metade, fardo, real
Nada novo na realidade
Coisas escusas
Ébrio amanhecer
Pés descalços
Cabeça transbordante
Transbordando de um vazio sem limites
Infinitamente sem precedentes
Ao achar que tudo era como antes
Encontrar a inexistência de conforto
Daí a dureza
Daí a poeira
Sombras de espelhos
Em nada o nexo
Só dormência
E a latência de sonhos espalhados no chão
Escondidos em algum colchão
Muitos, talvez
Servir e sentir a presença do não
Nada ser
Ser o que se cria
Apenas poesia
Apenas nada
Apenas vazio
Apenas...

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Mais de Raul

Acabei de dar um check up na situação o que me levou a re-ler Alice no País das Maravilhas...

Raul parte X

E agora eu me pergunto, e daí?
Eu tenho uma porção de coisas grandes pra conquistar
E eu não posso ficar aí parado

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Nada a dizer

Angustia do silêncio
Paz do silêncio
Vazio do silêncio
Imensidão do silêncio
Muros do silêncio
Liberdade do silêncio
Luzes do silêncio
Tristeza do silêncio
Nostalgia do silêncio
Cheiro do silêncio
Solidão do silêncio
Em profundos sentidos
Silencio