quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sim

"- Tão bonitinha. Foi você quem fez?
- Foi!"
Não, medíocre!
Não ao medíocre
Não ao pouco, ao médio
Tudo por inteiro, por intenso e extenso
Ao fim e ao cabo.
Tudo fervilhando de verdade
Vida explodindo em cores
Cabeças transeuntes em um só corpo
Todas as verdades que possam comportar
Descomportar
Nas ruas, por aí,
Apenas por ser,
Apenas por sentir.
Não ao médio e ao pouco
Sim em tudo!
Confuso!

Uma coisinha de brilhinho

Espalho meu brilho por aí
Sem mais nem menos
Apenas por espalhar
Quando dou por mim
Esqueci-me de brilhar em algum lugar

O quanto do tanto

O que me deixa atônita diante das suas horas?
O que faz repulsar?
pulso... repulsa...
De sim e de não
Delírios e medos envaidecidos
Na meia luz da sua verdade
Carnes tementes
Dedos, pernas, pés
Suores, temores, tremores
O quanto arde?
Até quanto é possível arder?

Dá-me a Tua Mão



Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

Clarice Lispector

Apenas um menino

Inúmeros caminhos difusos...
O menino anda...
Entre giros e cambalhotas,
Se perde no emaranhado de autoperdões.
Sente os minutos na ponta dos dedos
esvaindo a cada tropeço.
Olhos de busca,
linhas de não,
pensamentos intermináveis,
imagens confusas.
E o menino ainda caminha...