quinta-feira, 13 de março de 2008

vem que te chamo
vem que se perder é um artifício
vem que te tenho
que por aqui arde um suplício
vem que por aqui demora
e a minha hora parte
vem que te quero apenas no agora
que o resto é arte
vem que não te espero
porque meu tempo
rezo para que ele acabe

quarta-feira, 5 de março de 2008

Bom Conselho

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio o vento
Na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade


Chico Buarque

Pelas tabelas

"Claro que ninguém se importa com a minha aflição"
Asperezas,
Áspero o dia porque febril
da efemeridade das coisas
que ardem e evaporam
para nunca mais
Para muito mais que um lugar no tempo
Para o que há na existência
Na inexistência
Na amplitude de conceitos
que buscam qualquer sentido